Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1286-1 | ||||
Resumo:Do latim, a palavra água é derivada da frase a qua vinimus, que literalmente significa “de onde nós viemos”. Este recurso natural, tido por muito tempo como “inesgotável”, tem sido alvo de diversas ações antropogênicas, que têm contribuído para a diminuição da disponibilidade desse elemento vital. Há vários agentes poluentes que podem afetar a qualidade e segurança da água, contudo, a presença de patógenos, sejam estes infecciosos ou parasitários, contribuem para aumentar os agravos à saúde em que a água pode estar relacionada. A contaminação microbiana da água tem sido frequentemente descrita como sendo responsável pela transmissão de doenças infecciosas associadas à elevada mortalidade e um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Dentre os diversos microrganismos avaliados para demonstrar a inocuidade da água destacam-se as bactérias do grupo coliformes e, em especial, a presença de Escherichia coli. Cepas patogênicas desta espécie exacerbam seu potencial de virulência se expressarem também mecanismos de resistência antibiótica. Assim, a importância da detecção destes microrganismos na água parece não ser mais apenas restrita às infecções que podem causar, mas também estão a demonstrar a disseminação da resistência antibiótica, que se configura como uma das grandes preocupações mundiais. Neste trabalho, buscou-se evidenciar a presença de cepas de coliformes e o perfil de resistência destes microrganismos em água de lagoa. A escolha deste corpo de água foi motivada pela existência da microbacia Lagoas do Norte, em Teresina, Piauí, que envolve 10 unidades destes acúmulos de água, cujo o entorno recebeu melhorias de urbanização, objetivando a Biointeração da população e o desenvolvimento sustentável da região. Contudo, tem se evidenciado registros da poluição destes corpos hídricos, causada pelo lançamento indevido de efluentes domésticos e pela má disposição de resíduos sólidos, que ameaça uma população em torno destas águas, que corresponde a cerca de 10% da população da capital do Piauí. Amostras de água de quatro lagoas totalizando dez diferentes pontos de coleta foram obtidas. Por meio da técnica de tubos múltiplos foi avaliada a presença de coliformes totais e termotolerantes. Para a identificação destes microrganismos foram empregados procedimentos microbiológicos padrão. O perfil de sensibilidade antibiótica das bactérias identificadas foi avaliado pela técnica de difusão em disco, frente a 20 diferentes fármacos, buscando a detecção de fenótipos de resistência do tipo ESBL, AMPC ou CRE. A resistência aos antibióticos polipeptídicos colistina e polimixina B, foi avaliada por meio da técnica de microdiluição em caldo, para a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM). Até o momento, foi possível confirmar a presença de coliformes em dois pontos, identificando-se, cepas de E. coli; Enterobacter sp; Klebsiella sp. e Hafnia sp. Nenhuma das cepas demonstrou perfil ESBL, AMPC ou CRE. Contudo, uma cepa de Enterobacter sp. apresentou perfil de resistência à colistina e polimixina B, apresentando CIM de 32 µg/mL. Desde que estes antimicrobianos são utilizados como último recurso terapêutico, para severas infecções envolvendo bactérias Gram negativas multirresistentes, o resultado obtido se mostra importante e desperta a atenção para o monitoramento da presença destes micro-organismos e do papel que a água destas lagoas pode representar como sentinelas para a disseminação da resistência antibiótica na saúde única. Palavras-chave: Colistina, Enterobacter, Polimixina B, resistência antibiótica, saúde única Agência de fomento:CAPES, UFPI |